sábado, 28 de julho de 2007

VERITAS

Hoje...
Algumas horas me bastam e já sei a diferença de Shiraz, Cabernet, Merlot , Lambrusco e Malbec. E a diferença de queijo Brien e da colônia e de outros que em “vino veritas” nem convém lembrar.
Maturidade? Não sei, mas Neruda está no ar e Vírignia Wolf na terra, quase esquecida apesar da admiração. Momentos. O gosto do chocolate, o bom chocolate que vale a pena. Garcia Marquez em suspensão.
Mais uma vez momentos. Música francesa. Bom, apesar da ausência de quem. Aí Neruda, novamente, nem que seja por mero deleite intelectual, afinal, as palavras de amor não condizem ao grande mulherengo que era. Música repetida e vírgulas que adoro e nunca sei como usá-las. E pontos e parágrafos inéditos. Já falei do livro da vida...
Consciente, como o ônibus que passa e que outrora esperei de madrugada. Como as prostitutas da rua no frio de um grau curitibano e as pernas e tudo mais a venda. Já não há mais inocência e eu fumo cigarros.
O inconsciente fala mais alto?
A pessoa que atravessa a rua no sinal vermelho não se dá conta do perigo; eu e a marcha um, dois, três, quatro. Adoro dirigir no teatro e na rua só com música e/ou boa companhia.
Costumo lembrar das coisas que são importantes.
Sem noção do tempo. Pensamento. Agora já passou. Feliz pelo presente, saudade do ausente. Algos que se encaixam perfeitamente e parecem tão distantes...
Sempre me pergunto se já aprendi a amar.

sexta-feira, 27 de julho de 2007

DAS ESCOLHAS

Eu gosto de estudar francês e já não tenho mais pressa para ir à França. Eu não tenho mais pressa para fazer as coisas que quero, nem as que não quero. Adoro não ter pressa. O sabor dos pequenos momentos, de ficar o dia todo de pijama e dormir até tarde porque hoje posso dormir até tarde. O prazer de ir à academia, ver um filme com a amiga, ler um livro quando tenho vontade e deixar o tempo passar preguiçoso. Deixo o tempo passar e mostrar – ou não - a verdade de tantas palavras, promessas e desejos do mundo das idéias porque muitos sonhos e desejos realizados se tornam banais e perdem o fetiche. Gosto de fetiches. Só não gosto de pressa.

quinta-feira, 26 de julho de 2007

SAUDADE

Parte
e leva
uma parte

Me sobram
A penas
Cotidianidades

Um pouco de ilusões
E muita humanidade.

quarta-feira, 25 de julho de 2007

Três pontos


Eu queria poder quantificar o “para sempre”. Hoje encontrei uma foto dos meus 20 anos no orkut do garoto que foi a Cuba comigo. É a foto de quando chegamos ao aeroporto de lá. E eu lembrei dos meus sonhos e pensamentos dessa época. Muita ansiedade e ingenuidade. Elas vivem em mim ainda, felizmente. Mas hoje tenho consciência e me harmonizo muito bem com isso. Ruído, melodia e um pouquinho de silêncio.
Desejava ser professora universitária e queria mudar o mundo nessa época. Agora inicio uma nova fase da vida: darei aulas na Faculdade e já não quero mais mudar o mundo. Não dou conta nem das mudanças do meu mundo interno. Mas vejo - e sou muito feliz por isso - que de lá para cá ensinei e aprendi com muitas pessoas que passaram e ficaram na minha vida. Essas mudanças são reais. E sei das histórias que outrora eu considerava absurdas e que hoje fazem parte do meu cotidiano. O impossível criou forma; páginas de diário, todas as letras do nome.
E bonito é ver que, apesar de honrar meu nome e ter na juventude presença constante, hoje sou uma referência de “mulher”. O tempo vem para todos, desprovido da dimensão e da força do viver, desse pulsar de energia tão avassalador. Sinto em mim e chamo de amor.
Às vezes encontro centelhas desse eu semeado nas esquinas de algum lugar do mundo e humildemente percebo que realizo os sonhos e agradeço a tantas pessoas maravilhosas que compartilham de momentos comigo. O medo não existe e as coisas não acontecem quando é tarde demais.
Inútil lutar contra o que resiste porque o para sempre existe. Eu só não sei quantificar.

segunda-feira, 23 de julho de 2007

27

Volta-e-meia arrumo minhas coisas. Jogo fora o que esperava que um dia, no futuro, fosse usado. Desconexos tempos verbais. Cartas e lembranças que queria sempre ter vivas no peito e na mente. E as tenho. Mas aqueles papéis todos ocupam muito espaço, e juntam pó, e amarelam e tiram o viço do sentimento de tudo o que outrora foi tão vida. Como lembranças. E sempre que faço a limpeza dos armários, da alma, da mente, percebo que as coisas jogadas fora - que significam o desejo de tudo poder carregar e guardar dessa passagem- são as partes que representam e fortificam o que ficou. Os rituais repetem-se ciclicamente; vezes claro, vezes escuro, vezes frio, vezes quente, vezes solitário, vezes multidão, vezes tenso, vezes intenso, vezes coincidência, vezes intenção, mas sempre palavras repetidas. As sobras vão ao infinito, desconhecido, e a essência presentifica como sonhos que passam a ter significados mais profundos e reais. Quem está certo? Mais um ano de viver, menos um ano de vida. Maturidade, idade, experiência, passos, pessoas, coisas fora, vida dentro. Eu aniversário.

sexta-feira, 20 de julho de 2007

OFF.

Ás vezes são só palavras. Mas é tudo o que tenho. Dose cavalar de remédio para ausência. Um sentimento que preenche e tortura e ao mesmo tempo complementa. Saudades. Preenche o vazio de vazio; caos. Incompreensível, incansável, torturante, disparate. A física e a metafísica, o etérea e o material, o presente e o transcendental. Tudo é trans, até mesmo o vulgar transformar. Tudo o que se foi e já não é, o que esteve tão vivo, presente e completo. Amor, paixão e. Distância, solidão

terça-feira, 17 de julho de 2007

L´amour toujours

Montanha-russa da vida sobe desce em espiral. Misto de inocência- infância; loucura-adolecência; aventura-adulta. No fundo só um ser humano. Surpresa em cada esquina, desafios, lembranças/presente. Desconstruindo (em gerúndio mesmo!) tudo o que se levou tempo para construir, afinal, quem espera sempre cansa. Frágeis verdades; cristal. Mais forte, porém, do que a absoluta ilusão e a absoluta razão. O eterno retorno. Surpresa sempre. Surpreendente. Tempo quando vinho e flor.

segunda-feira, 16 de julho de 2007

CLAVES

A intensidade é a intenção da música no meu presente. Momentos, sentimentos, melodia dos dias. Passado e futuro também. Restos de memórias, lembranças, fases e metamorfoses. Rimas até nas disritmias. Imagem na ação, realidade e imaginação. Sinestesias, trilha sonora, vida-clip.

quinta-feira, 5 de julho de 2007

SINOS

Um dia você procura um algo esquecido nas gavetas e encontra muitas outras coisas que lembram tudo. E se esquece d o objeto da procura. Percebe a infinitude das possiblidades de existência, de tudo o que ficou parado e deixou de ser. Mas a essência prevalece. O pó da gaveta não é pior do que o pó das idéias e dos sentimentos porque há diferença entre o tempo das idéias e o tempo das ações. Lapidação de alma, fim de excessos. Com calma. Solução: livrar-se do que não tem solução. Sem apego, sem medo, sem peso. Jogar fora, abrir espaço para o novo, não sofrer pelas possibilidades perdidas, mas, agradecer as conquistas vividas. E se preciso mudar. Ganhar espaço, não competir com o tempo. Gavetas sempre existirão.

terça-feira, 3 de julho de 2007

FECHADO

Da sutiliza das coisas;
Das mais duras
feito pedras puras.

Da não pressa
Da beleza além da forma
Muito mais bela
Porque é eterna.

Do silêncio que está entre o som.
Da infinita imensidão
Que cabe no menor segundo.

De tudo que é profundo.

Do tempo
Do amor
Da poesia
Do óbvio
Que se espera
Sem ser rima.

Do desensimesmamento
Da humildade que vem atrás da cabeça erguida
Tão frágil
Tão vida.

Da verdade
Do tempo
Fortalecimento.

De tudo o que virá
De tudo o que já passou
De tudo que se é.

Sutil
Etéreo
Eterno
Terno
Torna-se.

segunda-feira, 2 de julho de 2007

REVERSO

Medo de lado:
Não existe pecado.

Desafio do escuro
o peso do futuro.

Nem saudade
Nem ingenuidade...

Pé no chão
Olho na mão.

Vi
vou
vivo.