E todas as letras se espalharam pelo chão,
Do caos
nenhuma palavra brotou então
Porque palavras, letras ou sons
não são...
A poesia não nasce assim,
Nem receita nem alquimia...
Nem química.
Nada de mim.
Vem daquele lugar
Tão humano e tão singular
Nem meu, nem seu...
É de Deus
É alma
É amar.
Daquele infinito
Tão bonito
Tão cheio de nada
Que por isso
tudo pode brotar...
A poesia
A alegria
O amor
E até o terror...
Mas se tudo pode
É só escolher o que plantar.
No infinito dessa mente
Que sente
- Que sentipensa -
Prefiro que brote o amor
Pois sob o deserto há um rio
e sempre haverá uma flor
E eu rio...
É o sorriso
mais bonito
Que chegou
Me olhou
Me levou
E me calou...
E percebi que a poesia e a canção
São
Como uma oração.
E tanta poesia gritando em mim
que não consegui a exprimir
O sentimento mais profundo
Mais que o mundo
Mais que o aqui...
Mais que as letras
Que o deserto
Que o alfabeto
Que as infinitas possibilidades
Porque agora só me grita uma verdade;
O Caminho
O carinho
Que se faz ao caminhar
Ao pensar
Ao materializar
Em palavras
Em desejos
Em sentimentos...
São tão intensos
Que nem o tempo
Nem o silêncio
Conseguem calar.
Um caminho
Que se faz ao caminhar
Pelo alfabeto
Pelo deserto
Pelos rios
Pelos céus
Ou pelo mar...
Áh, mar...
Por esse navegar
Sou deserto
Alfabeto
Sou caminho
Sou barco
Sou trilha
Do caos
Ao cais
Mas sempre a navegar...