segunda-feira, 23 de julho de 2007

27

Volta-e-meia arrumo minhas coisas. Jogo fora o que esperava que um dia, no futuro, fosse usado. Desconexos tempos verbais. Cartas e lembranças que queria sempre ter vivas no peito e na mente. E as tenho. Mas aqueles papéis todos ocupam muito espaço, e juntam pó, e amarelam e tiram o viço do sentimento de tudo o que outrora foi tão vida. Como lembranças. E sempre que faço a limpeza dos armários, da alma, da mente, percebo que as coisas jogadas fora - que significam o desejo de tudo poder carregar e guardar dessa passagem- são as partes que representam e fortificam o que ficou. Os rituais repetem-se ciclicamente; vezes claro, vezes escuro, vezes frio, vezes quente, vezes solitário, vezes multidão, vezes tenso, vezes intenso, vezes coincidência, vezes intenção, mas sempre palavras repetidas. As sobras vão ao infinito, desconhecido, e a essência presentifica como sonhos que passam a ter significados mais profundos e reais. Quem está certo? Mais um ano de viver, menos um ano de vida. Maturidade, idade, experiência, passos, pessoas, coisas fora, vida dentro. Eu aniversário.

Um comentário:

Daniel Caron disse...

Muito bom fazer estes balanços de quando em quando... Eu nem espero os meus aniversários.