Na fluidez do voar gaivota ninguém pensou na dor das suas costas. Sim, já havia machucado ossos, carne, penas, peito e articulação. Mas sempre que se sentava na janela e via o horizonte queria descobrir o que existia depois do fim. E caiu, e sofreu, e se machucou. E voou sozinha e quase foi, mas voltou. Mas sabia que uma hora iria para sempre. Sabia que ser gente não bastava, por isso nascera alada. Mas sabia que ser anjo não bastava; queria ser ave. E ser ave não bastava porque finalmente voou, mas queria mais. Queria as estrelas e todo o céu, queria o infinito. E lembrou que nem a dor de bater as asas até cansar para voar e ser como folha ao vento era tão forte como a dor do desejo de tudo conquistar. E se descobriu anjo triste porque tudo podia, e no fundo, não podia nada; era ela o próprio universo.
5 comentários:
O que transcende, a centelha, a chispa que vai do concreto aquilo que Bataille chama de a "criação no meio da perda". O brilho apaga e acende mais adiante. Belo fragmento. Beijo.
Muito bonito. O universo que somos... legal.
bjsss
Olá Ju, quem és tu? Que és imensa no sentir...
Às vezes o pensamento incontido
Solta-se na manhã perpétua
Aprisionado em gotas de orvalho
Choradas por uma feiticeira Lua
Bom fim de semana
Mágico beijo
É quando somos apenas o que podemos ser, mas somos tudo!
Meu lindo pôr-do-sol!
=)
Mais um texto delicioso.
Parabéns!
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