
Ele corre tranquilo, incansável.
E eu, como retardatária, sempre gritando atrás:
“me espera!”
Perco a voz,
nunca o alcanço.
E ele nem acelera...
Afina o calendário com as folhas que caem.
Engrossa o livro da vida, as folhas que escreve.
E a certeza de que o que sempre foi nunca mais será.
Não há onde caiba o amor materno.
Nem quem meça o tempo do sono da criança.
E às vezes, no turbilhão, esqueço a ânsia
e lembro: passa a criança, eterna é a infância.
Calmaria.
Quase sempre esqueço:
Dar um tempo
para compreender as coisas
que não entendo.
Até já aprendi a mais importante parte:
saborear a vida com arte.
Qualidade é tão melhor que quantidade.
O que é bom não se mede, não se pesa.
Só preciso praticar...
Tempo da mente
materializa o que se pensa
e o que se sente.
Sentipensar, intuição...
Por favor,
Me dê a mão!
Corre comigo!
Seja meu amigo!
Meu presente:
Eterno presente.
Não consigo te acompanhar.
Meus bolsos estão pesados de passado
e o peso invisível de futuras suposições
que tiram o prazer da surpresa,
do que se ganha sem esperar:
por merecimento, porque se pode verdadeiramente carregar.
O que é bom não mede, não pesa, não cabe.
Nem sempre, nem nunca.
Corre de mãos dadas,
lado a lado.
Com o prazer
de simplesmente existir.
O imutável é que tudo muda.
E ele corre.
E incrivelmente continua lá:
no mesmo lugar
- nem novo, nem velho-
Simplesmente sendo:
O Tempo.