quinta-feira, 12 de novembro de 2015

PEDRAS



Que a dor  venha
Forte e intensa
Como o improviso de blues

Que sejam os cortes
Os crimes
Os corpos nus

Que gritem as feridas da alma
E que saia o peso do corpo
Do outro

Isso me acalma.

Que se esvazie o copo cheio
A última gota
 d´água,
De sangue
De lágrima

Já caiu.

O portal já se abriu

O caminho
Invento
Com o carinho
Do vento
Que bate em mim.

E assim vou
Devagar...
Andando
Pensando
Sentindo
Amando
Cantando...

Porque essa sou eu
Às vezes,
Só eu...

Mas como não ser só
Se só
É que sei ser.

Com minha vida
Minha  fé
Minha verdade
Minha vontade

E a alegria
De saber
Que mesmo na agonia

Estou com você. 

quinta-feira, 5 de novembro de 2015

QUÍMICAS


De repente
Faltam rimas
Para minhas poesias...
Adormeço
E esqueço
Do complexo
Que é viver...

De repente
Sinto o vento
E me reinvento
Encontrando o melhor de mim

Prazer sem fim

A grandeza
Das coisas pequenas
Silêncios,
Sabores,
Surpresas!

Novas ruas
Estar nua
Perceber  os recados
Em músicas, placas, piadas ou trocados

Não por ser bruxa
(que nem sei se sou, mas adoraria)

Mas por ter o presente conectado.

domingo, 16 de agosto de 2015



UNIVERSO  (para Carol )

Sempre igual
Amanhece o dia
tão normal.

Nas ruas em que  passo;
Cada passo
Cada esquina...
Uma nostalgia.

Os sapatos mudam
As caminhadas ficam...
Antes ruas
Agora cidades...
Saudades.
Novos caminhos...

No futuro;
outros países.
E continentes;
Novas gentes.

Tanta vida...
E o que fica:

Um jeito de menina. 

domingo, 26 de julho de 2015

PARADOXO DE FERMI



Não comi um bom prato
Nem fui  ao mercado.

Almoço e janta de pizza requentada,
Só  corri  na praça,
Socorri-me em casa.

No prazer do silêncio...

Repararei  a beleza das folhas de inverno no chão
E dei um pouco mais de atenção
Ao meu eu

Li sobre o cosmos
Infinitos quilômetros
e tantos anos-luz...

Mas hoje só me seduz
Relembrar com Drummond  uma poesia;
Respostas da vida.

E eu aqui
Cabelo lavado
Pijama de seda
E uma leveza...
O universo sem fim
É este silêncio em mim. 

segunda-feira, 13 de julho de 2015

POMPOAR


 Áh esse meu eu
Mais secreto
Mais discreto
Que palavras não podem traduzir
E que não canso de descobrir...

Descobrir que menos é mais
Que o  infinito é meu cais
E a ordem meu o caos.

Andar em linha reto é bom,
Mas é nas curvas que encontro o tom.

E a curva
É a esquina
Da vida
Que não sei o que vou encontrar.

Mas é lá
Nesse tombo,
Nesse desencontro
Que vou me achar...

Desestruturar
Romper
Morrer
E renascer

Pulsar.

Como  o ritmo da vida
O ar a respirar...

Em silêncio
Profundo
Escuro
Entra e sai
Se renova
Em vida e morte

E nunca parar.

Carrega em si a eternidade
Do tempo, essa divindade
Que está ali
Tranqüilo

Só a nos espiar...  

domingo, 12 de julho de 2015

DOMINGO



A efemeridade da vida
Eternizar em palavras
É minha alegria
Como o dourado do dia
Da tarde que finda.

Café da manhã na feira
Cozinhar, plantar
Falar bobeira...

Noite de bom Jazz, violento
Que espanta qualquer mal momento...

E sempre a fé num gole de café.

Organizar armários
Folhear dicionários
O sorriso do filho;
Meu melhor abrigo.

A maturidade
A beleza da idade
Por fora envelheço
E dentro
Me rei-vento.

A delícia de saber saborear qualidade
E não apenas quantidade...
A riqueza das coisas simples

Do tudo-nada que se sabe. 

domingo, 5 de julho de 2015

ASK ME

E se passaram mais de três  vezes três mil dias
E se passou quase uma vida
E lá se foi tanta poesia...

Roleta russa da sorte
Olho o que me fez forte
O que de mim restou...

Modos de amar
Medos para não cultivar
Frágil sou...

Passagem...

Quem nunca chorou?

Repetidos sistemas
Matemáticos,
Filosóficos...
Todos com um mesmo final:
Infinito e mortal.

Quem nunca amou?
Quem nunca mamou?

E quem nunca sonhou em ser protegido
E depois descobriu que não ter nada é o melhor caminho...

Só...

Por que
Nada
Se
Tem

A perder...

sábado, 20 de junho de 2015

MINI CONTO DE AVENTURA



Fim. Da batalha? Mais uma batalha? Não... fim da guerra. Foram tantas lutas que o guerreiro nem conseguia acreditar... O que fazer, para onde correr, o que planejar, qual estratégia usar? O dia da vitória chegou; a vitória chegou, e o sonho era tão distante... mas agora que o tinha conquistado estava perdido por não mais sonhar.  Só tinha medo do ostracismo, e nem sabia. Matar dragões, enfrentar medusas, descer ao inferno, cruzar oceanos, perder-se nos pântanos, ser ferido, mutilado, ter o arco e flecha quebrado... tudo agora estava de lado.  A paz reinava e esse era seu tormento, mente inquieta, sem descobertas... Então percebeu que essa era a maior guerra. Fim.

segunda-feira, 8 de junho de 2015

Meia Noite






Me perdi
em anseios
devaneios
trilhas
e ilhas 


De mim.

Me feri
recuei
retornei
revivi
renasci.

respirei.

e chorei

cansada de mais do mesmo...
segui
sorri
cresci
e fiquei.

Parei em beira de abismo
senti a força dos vícios
e do desejo maior de voar.

e me joguei
e o que vi não posso narrar...
uma coragem que só existe
em quem acreditar
que o precipício
e só o inicio
para quem quer se jogar...



quarta-feira, 3 de junho de 2015

Porque alta vive...



É lua cheia
Um feminino em mim passeia.

Não é delicado
Não é sensível
Não é subjetivo.

É intenso
Cruel
Agressivo.

Ímpeto e tempestade
Algo que arde.

Ser mulher
-Não defino-
Só cada uma sabe o que é.

Um corpo perene
Nada frágil
Que sangra
Que pari

E traz dentro muitos desejos.

Ser mulher
Só cada uma sabe o que é.

Com seus medos
Seus anseios
Seu segredos.

Mulher que tece
Que leite fornece
Que espera
Que não faz guerra.

Mulher que voa
Mulher que sonha
Nenhuma santa
Nem demônia

Nem criadora
Nem criatura.
Só uma.


Mulher...

quarta-feira, 27 de maio de 2015

6 anos



Tenho novas verrugas
Poucas rugas
Uns quilinhos a mais.

Tenho menos pelos
Longos cabelos
Não mais naturais

A boca não muda
Nunca muda
E sempre quer mais...

Tenho um filho
E tive marido
Que já não tenho mais

O mesmo olho
nunca o mesmo olhar;
trago n´alma
uma essência calma
de quem sabe lutar.

Seis anos
Intensos
Imensos
Muita história para contar.

Construí  um castelo
Armei um império
E depois quis derrubar

Porque em seis anos
Fiz minha casa
Mas fechei minhas asas

Eu! Que nasci para voar...

domingo, 24 de maio de 2015

Janelas


Tenho janelas em casa, na alma, no computador. Janelas da vida, do estudo, do amor... Janelas que nem sei. Às vezes fecho tudo, não quero o mundo. Mas quando vejo, num lampejo, alguma janela se abriu sem fim. E no jardim ... surpresa: beija-flor e borboleta! É quando não se espera nada que tudo acontece, porque a vida é assim, as coisas não dependem de mim; o dia simplesmente amanhece. Amanhece lá fora, palavras que me tocam agora. Mas também aqui no peito, não tem jeito; outra janela. Florida, às vezes aflita, e, a maturidade que grita: esquece, o dia simplesmente amanhece, até com poesia. E perceber que o silêncio é um delicioso momento... sigo aguando as plantas, me desaguando em esperanças. E de repente, surpresa; um poeta em minha vida, que beleza!

quarta-feira, 15 de abril de 2015

FÉRIAS



Hoje vou sair pra rua
Sem guarda chuva

Vou me molhar
Lavar a alma
E o vento secar.

Hoje vou amar
De todas as formas
Que a vida me permitir experimentar.

Hoje vou ficar em silêncio
Vou aproveitar meu momento
De só ser.

Hoje vou ler histórias
Vou resgatar memórias
Vou  me entregar.

Porque os bolsos estão  vazios
Só tenho o peso do Cio
E a experiência da vida
Que me grita todo dia:

LI.BER.DA.DE.

segunda-feira, 30 de março de 2015

VOLTA.



Por um fio
Do cabelo
Que cresceu:
A vida;
Você e eu.

E tudo o que passou...
Algo ficou.

Cigarro apaga,
Amor também acaba.

Mas outros virão
Como a segunda-feira
E meia- noite que chega
Num  poema
Ou numa canção.

Sem mais
Palavras
Amar.
Na sinceridade que
 Doa.
Somente o que tem para doar.

terça-feira, 24 de março de 2015

CREPÚSCULO


Meu filho
Que se faz tão vivo
Em seus desenhos multicoloridos


Nem a mais lida rima
Nem o melhor poema
É tão infinito
Como teu sorriso lindo


 Um silêncio me invade
 No tempo da sua ausência
 Me resta uma certeza;
 És a minha essência.