quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

ANO NOVO


(foto de Carin Wagner, dez. 2008)


Que a música continue presente
Que nunca se deixe de acreditar na gente
Que se entenda que recuar às vezes é ir para frente

Que se ame, ame, ame.
Que se ame intensamente.

Que nenhum obstáculo vire fuga
Que nenhuma pessoa fique muda
que pedras virem desafio
e construam sempre um novo caminho.

Que os pássaros continuem cantando na janela
Seja lá qual for ela.

Que o ego se perca dos os eus
E se encontre mais vezes com Deus.

Que peito seja poesia
Que pés sigam chãos
Que mãos sejam guia
Que não se tema a solidão

Que a mente não adoeça
Que cresça
Que floresça
E se fortaleça

Que nunca se deixe de crer
Pois somos tudo o que não se pode ver

Que os sonhos não se acabem
Que procriem
Recriem
Infinitos espirais
Para mim
Para ti
E todos mais...

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

PAIXÃO

(foto de Lindsey Rocha)

meu amor
saiba que tudo acaba...
e quem sai loucamente pelo corredor
atropeça na escada.

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

PRÓXIMA PARADA...


Não quero nesse texto entrar no mérito de as produções cinematográficas nacionais ficarem concentradas nas mãos de poucos ... o fato - não justificável para o exposto, evidentemente – é que gosto muito dos trabalhos de Bruno Barreto e Fernando Meirelles. Ontem assisti “Ultima parada 174” e, recentemente, o “Ensaio sobre a Cegueira” dos respectivos diretores. É para aí que conduzirei as ilações.
O Ensaio foi um livro que marcou intensamente minha vida, um soco no estômago tão forte quando li que já fui anestesiada para a catarse cinematográfica. Mesmo assim digo com todas as letras: o filme é muito bom.
Parece ficção, mas quando vi as imagens das destruições desse ano em Santa Catarina me veio à mente a cena do caos da cidade dos cegos do filme. Cenário. Mas e o comportamento humano? Sim, “essa coisa que não tem nome é o que somos” não é cenário, não é ficção. O Brasil é cego e não enxerga suas crianças, seus doentes, seus infratores nas ruas, presídios e febens, suas favelas, sua falta de educação, sua vergonhosa mídia-espetacular.
Por isso acho que o filme de Bruno Barreto tocou-me um pouco mais profundamente como espectadora de cinema. Foi o mesmo soco de quando li o “Ensaio sobre a cegueira” em 2000, no mesmo ano em que pela televisão, ao vivo, vi o seqüestro do ônibus 174, diga-se de passagem.
E diga-se de passagem, o que assisti naquela época me pareceu muito com o que assisti ao vivo meses atrás, quando ocorreu o seqüestro de duas adolescentes. Vi a história virar uma novela de triste fim, como vi a novela de uma criança que foi jogada de um edifício e de outra criança que foi encontrada dentro de uma mala na rodoviária da minha cidade. Não é ficção, é 2008.
E não era ficção a Chacina da Candelária, que vi no noticiário quando ainda era uma adolescente e me marcou profundamente. Lembro daquela época, marcado pelos “Cs”: Corumbiara, Candelária, Carajás, Carandiru. Triste aliteração. Lembro de todos esses e outros absurdos citados, de tuod o que ocorreu em 2008 e que evitei escrever a respeito no blog, pois a mídia já havia dilacerado e exposto em praça pública.
Mas hoje vim falar, a próxima parada é 2009 e não posso me calar.
Vim falar que toca em mim a relação ficção-realidade que se constrói no mundo-imagem de hoje. Me revolta o simulacro porque o que vale é o ibope, seja da novela, seja da miséria humana. O seqüestrador é o que está em foco, não importa se herói ou bandido. As crianças maltratadas não levaram a discussão da infância no Brasil. O importante é a repercussão que causa a notícia, nunca a causa ou a solução.
E ninguém pergunta o que causa a notícia... Cadê a reflexão acerca da desigualdade social, dos roubos no congresso, no senado, da vergonha da saúde, educação, das estradas do país, do abuso que pago de impostos e que nunca retornam nessas melhorias?
Enquanto não vejo reação na realidade acredito na arte, ainda. O cinema, a literatura, a música, o teatro...o que traz a poesia ao que é dor, que leva ao mínimo de reflexão, ou ao menos à catarse. Diferenças sutis e sinestésicas: a sensibilização e o sensacionalismo. No mínimo “A day in the life”.

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

SOMBRA

(foto de Ivonaldo Alexandre)

Me perco de ver
manchas
em meu olho verde

Fendas no universo
que levam
ao mais misterioso verso

O que desconheço em mim.

surpresa e fascínio;
Espiral e imaginário.
sem fim...

terça-feira, 11 de novembro de 2008

LIBERDADE

(Para Fernando Niero)


Sou putinha
Na vida
Muitas coisas são quase

Sem medo dos medos
Dos nãos e dos erros;
Sempre tento

Rosto de criança, ma(i)s
Alma rabiscada de rascunho;
Calos e cicatrizes feitos a punho.

Dia –a -dia imaterial
Certeza do que se traduzem em existência.
Matéria vem da experiência.

Chocolate
De dia
De noite
Pimenta.

terça-feira, 28 de outubro de 2008

DE NOVO


Duma flauta transversa ouço um som que diz: mudança. Algo que pulsa em mim muito além das batidas do coração e do tempo da inspiração e que quer gritar, atropelar, nascer, romper, ferir para brotar. É brainstorm e não é lead, os jornalistas que entendam a metáfora. Mas não é notícia também, afinal, sempre fui mais poesia. Quero mudar de casa, quero viajar, quero bater asas. Cansei de ser livre como roupas no varal; quero agora ser o vento, etéreo, histérico, esquecer o tempo. Sou mulher além do espelho porque a fundo amo e desejo. Humanidade. Sonho na força da fertilidade. O que me faz e faz gente, a força do infinito, dos altos e baixos, medos, tentativas e acertos e acima de tudo, fiel e divino. Sou só o que ouço. O som da mudança: dança mundana, me espera o mundo, som, mudo, reafirmo: sem medo, balanço a fundo, me firmo.

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

MEDOS


Sim,
Simples assim,
Como as flores que desenhei em mim.

Não é metáfora,
é razão;
Desenhei as flores com a mão!

Com fé,
Desenhei a primeira
Quase no pé.

Flores de criança
Como quem se lança
mas que balança.




Como rimas pobres
Que brincam de poema;
Mínimo fonema.

Ontem o que passou
Esqueço... revivo
Paro...respiro.

E vou.
E vôo.

domingo, 12 de outubro de 2008

TPM 3

Às vezes quero chorar e não tenho lágrimas. Às vezes quero arrancar todas as páginas do meu diário concreto, repleto de felicidade. Às vezes só quero fazer a curva da ansiedade e deixar para trás os pensamentos torturantes, de inexistências. Sentar num sofá e saber que tudo passa. Às vezes tudo rasga. O peito.
Às vezes quero pintar a vida com as tintas mais coloridas, mas não tenho inspiração. Às vezes mente fala sem parar coisas desconexas, minhas ou fictícias. E só preciso de silêncio e pés no chão.
Às vezes confio na vida como quem fia os tecidos da imensidão. Profundidade da existência tão só e tão perdida. Mas às vezes amo a solidão.
Às vezes quero chegar ao topo sem subir os degraus e sem bater as asas que me fazem voar.
Às vezes sou xadrez; às vezes rei, às vezes peão. Também às vezes cavalo, torre, bispo, rainha, regra, dúvida e solução. Às vezes a própria jogadora na infinita lógica das probabilidades e possibilidades do que sonho no veludo macio de cotidianos e da ação.
Às vezes sonhos e às vezes dolorosas concretudes. Às vezes amável calmaria.
Tão sentido tudo que é sem sentido nessa avalanche que justifico com hormônios, mas que me entorta a visão porque tenho outras lentes, necessárias, de percepção.
Tão caos, tão arte, tão infinito, talvez até tão bonito.
Ou só pura vaidade.

sábado, 4 de outubro de 2008

TRÊS PONTOS

(hehehe... bem preguiçosa, entre cobertas, sem maquiagem e feliiiiiiiiiiiiz!)

Um tempo flutua no relógio outro escorre na janela. Na cabeça, nas emoções, na história de vida tudo se mistura como os ingredientes mais gostosos para o bolo mais doce. Isso! Eis a metáfora certa para o dia de hoje...dia no qual, aliás, inventei um doce também muito gostoso. E como com texto poético também se faz receita, lá vai: grelhei uma banana e ralei um pedaço de chocolate amargo nela ainda quente. Só isso. Simples e perfeito, como quase todas as coisas que são simples e perfeitas, como forrar a cama com cobertor de pêlo em dia frio.
Adoro doces, adoro me maquiar, adoro ver gente, adoro fazer mil coisas, adoro tudo ao mesmo tempo agora. Mas hoje o tempo escorre pela janela e me harmonizo com a chuva: é bom ficar em casa, só, com casaquinho de lã, sem maquiagem, devagar e quentinha como a lindeza de vovó. Ler, ver filmes, fazer tudo que ficou pendente, que incomoda porque nunca tenho tempo para fazê-lo.
Hoje o tempo sobra, flutua, escorre. Músicas, lembranças, sonhos são sempre presentes, mas hoje tenho mais tempo, porque hoje o tempo é o maior presente. Tempo nuvem, tempo sonho, tempo tempo, tempo cheiros, cores e doces. Tempo flor, amor, paixão, calma e também tempestade. Ímpeto e tempestade, eu diria se fosse tempo de romantismo alemão.
Tenho tempo, sempre o tenho, mas hoje ele é tão meu que é imensurável porque é, porque passou, porque virá, porque é infinito. Para mim, para ti e para sempre.

domingo, 14 de setembro de 2008

DOMINGO


(imagem de Giuseppe Arcimboldo)

Moscas sobrevoam esse pobre blog que sofre pelo abandono da dona... mas eu avisei sobre a ausência. E voltei. Sempre volto quando prometo, ainda que tarda, ainda que arda. No peito. Dramático, sim, porque sou assim, sou atriz.
Volto sempre com rimas até na falta que faz o ritmo. Com disciplina e continuidade. Mesmo quando se faz necessária pausa, pelo menos, para dar saudades. Como um livro que se lê, que se para na metade. E sem fluidez inicial; uma retomada. Mas basta reabrir a página para a re-voada.
Também gosto de coisas etéreas. Apesar de efêmeras na memória se registram. Até o perfume do óleo de banho é um dos sentires que fazem história. Sentidos.
Tudo o que se transforma em marca de existência. Aroma das proteínas do leite com óleo de amêndoas; gosto de capuccino com ou sem canela; ela e seu olhar de criança: a infância. O toque das mãos nas mãos diferente do toque nas teclas que fabrica palavras eternas. E até o ouvir dos dizeres perdidos, sem rima e – definitivamente- sem sentido:
“O Brasil é o próximo país do futuro”.
E ainda,o sexto, sempre sentido. Além do tempo-espaço que me faz pensar, entre ânsias, angustias e devaneios... onde será que moram duendes, gnomos, bruxas, fadas e seus reinos?

terça-feira, 2 de setembro de 2008

Perfeição


(eu já voei!!!)

Pelo corpo me passa a vida no calor e velocidade do sangue que corre como o pensamento que se torna escrita. No espaço infinito que há entre cada vértebra e que se liga ao universo; em verso. Na respiração que renova como prosa. Em cada articulação que me move like movies. Na pele enorme que cobre cada parte; pura arte. Nos olhos que tudo retém na retina em viva fotografia. Na boca que come, beija, fala e nunca cala; ânsia, canto, teatro e encanto. Na intuição e no inconsciente que pulsam em cada célula; sou centelha, sou poema. Nos meus Eus, em arte, em Deus. No pé que me planta ao chão; imaginação. No coração, pulmão, víceras e sempre em rima. Ritmada pintura e escultura; ser humano, perfeição pura.

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

Estrada




Hoje dei um suspiro. Não sei se o melhor foi a ação ou a percepção do fato. Foi tão harmônico, tão etéreo, tão bolha de sabão. Aliás, há dias tenho imagens bem metafóricas na mente como a das bolhas. São pássaros nos fios de luz como notas musicais; doces de bocas-beijos-vermelhos, flores, estrelas e perfumes. Sim, imagens com gosto e cheiros, sinestesia pura. Acho que são parte do meu eu-poético- artístico cada vez mais reconhecido no caos fluido desses recém completos vinte e oito anos como viver.
Outra imagem que carrego atualmente é a da Península Ibérica a deriva, uma influencia do Saramago que estou lendo e que também faz parte do que sou. “A Jangada de Pedra” é o quarto ou quinto livro dele que leio, mas desde o primeiro (“Ensaio sobre a cegueira”) em que descobri “uma coisa que não tem nome: essa coisa é o que somos”, tenho-o como uma das pessoas que felizmente sabe ferir minha alma com a densidade das palavras que me desestabilizam, destroem, reconstroem porque me fazem sentir e pensar.
Queria eu estar mais a deriva, mas o momento é de muita disciplina em função de trabalhos. É bom também, sobretudo porque são escolhas minhas e porque, apesar de tudo, mesmo nesse ritmo há o suspiro, as imagens poéticas, a literatura e algum tempo mínimo para o blog.
Contraditório. Tempo-mínimo-relativo. Natural nesse universo em rede que é materialização quântica, afinal, só faz pouco mais de um ano que iniciei essa experiência e as dimensões que a blogsfera me apresentou também se fazem presente nesses momentos de suspiro. Por isso, não podia deixar de encerrar com um muito obrigado às pessoas que por aqui passam! E está justificada a demora para responder vossos comentários...

segunda-feira, 21 de julho de 2008

ANIVERSÁRIO


Procuro um fio no novelo das idéias para iniciar esse texto... não sei se vou encontrar, mas pelo menos dá para fazer franjas com o que tenho no momento.
Muitas coisas boas me acontecendo e eu nem parei para escrever... quero, aliás, agradecer o carinho dos comentários e os selos que ganhei do Luciano Fabre(que diga-se de passagem, não sei como colocar no layout do blog, alguém me ajuda!!!).

O emaranhado persiste e por isso hoje prefiro deixar metáforas e aliterações de lado e escrever como a adolescente que registra linear o dia em seu diário. Acho que porque amanhã é meu aniversário!
São 28 anos e percebo definitivamente que sou mulher. Mas também vivem em mim a criança e a moça que chegaram até aqui. Trago-as na alma e na pele fiz uma tatuagem! Vivo em gerúndio: rindo sempre e buscando rimas.

Não tenho mais medos e sei das coisas que amo. Conviver com elas é vital; gente, vinho, poesia, música, cinema, livros,academia, trabalho. Andar sem sentido e apreender a vida pelos meus sentidos. Sentar num café e ler o jornal; um prazer sem igual. Gosto também das coisas que não gosto, com elas saio do conforto e do conformismo, me desencontro, desestabilizo, me recrio. Dinheiro é bom, mas não é tudo. Sexo é ótimo com amor é divino. Deus é um estado de espírito.
Às vezes sou frases, outras, (a) só(s) palavras. Também parágrafos. Às vezes sussurros e vezes grito.
Hoje sou esse emaranhado de idéias contraditórias com a escrita linear num diário véspera de parabéns. E um pouquinho de metáfora, sim, que essa sempre me escapa. Até no momento vida-cor-de-rosa-chicléte-adolescente.
Fim das franjas. Vou em frente.

terça-feira, 1 de julho de 2008

MULHER NO ESPELHO

(foto de Fernando Niero)


Um caos harmônico se instala como se. Hormônico também. Desculpa e justificações. Do inferno. Astral. E TPM. Afinal. São quase 28 anos e o inverno. Ser Mulher. É o frio que contempla as estrelas mais lindas. Contradição como a dúvida sobre a liberdade. Palavras e lembranças de tudo que se passa. E tudo passa. No coração. As diferenças. Amor, amizade, sexo, dinheiro, cultura, companheirismo, cumplicidade, sonhos e paixão. Tudo voa, tudo é vão.
Ela me olha como se me pertencesse. Mera imagem. Maquiagem. O que (m) me possui. Uma linha no rosto; a linha da vida. Nada linear. Completude e complexidade, que tudo inventa, tudo cria.Teia: a aranha que tecia. A mente. Mas não mente. O etéreo briga com o material. Espírito, emoção, oscilação. Cadência e desejo sempre de novo som. A arte que liberta e mais palavras. Em espiral e repetição; tudo voa, tudo é vão. Mas vitais inevitáveis. Coloridos vitrais.
Procura o texto mais lindo para 28 anos de contexto. Não bastam as pessoas, o céu, as estrelas, duas décadas e um oito que deita. É o infinito. Mais bonito, mas tudo é pouco, tudo é louco. Como a chama de um fogo que chama, e quando cai o Véu de Maia, sente vergonha dos pobres paradoxos e aliterações. Mas isso é ela, isso é eu. De batom vermelho. No espelho. Pobres rimas rubras como distinto tinto vinho. Como vida e sangue. Vinde vinte e o oito deita.

terça-feira, 10 de junho de 2008

SOPRO

(olhos meus, por Carlos Martins, 2004)

Tão vida bebe no peito, o bebê. O pai carrega para o carro a criança no sono de seus cinco anos. Os de uma década no teatro não percebem que lhes passou uma tarde porque estavam ocupados sendo rei, princesa ou dragão. A mãe sofre baixinho ao ler escondida o diário da adolescente que deixou para trás a virgindade. E sofre alto na conversa que revela - o que no fundo já sabia- o filho maior de idade: gay. Uma família de adultos unida da pior forma: deitados no tapete, sob a mira de bandidos num assalto. Os pensamentos de ansiedade aquietaram na mulher e a torturante espera de outrora é o conforto de agora. Enquanto isso a lua é linda e as estrelas permanecem. Testemunhas incompetitíveis. Um trago de cigarro, um gole de chá que esfria e música, sempre música, que trás o profundo silêncio. O olhar se eterniza em presentes palavras. Um sopro de tempo em cada geração, tudo que foi, é e será. Igual. Crianças que crescem e infância que fica. No peito bebe o bebê. O que foi leite e agora é vinho. Sempre bem vindo. Tão vida.

sábado, 31 de maio de 2008

MINI-CONTO DE MINI-AMOR

No começo todo presente era mágico. e para o futuro...um plano: juntariam cada dez centavos possível até um dia serem felizes para sempre. e o amor durou só seis reais. fim.

segunda-feira, 19 de maio de 2008

AVESSO

(Pintura do meu querido e grande amigo Mayito, de Cuba)

Sou
Sol
E céu;

Não sei.

Só sei
que invento
quando vento

calor.

putas
pautas
e pausas

e claves.

de sol
no que é mente
e cor

azul
Do sonho
Meu.

sexta-feira, 9 de maio de 2008

Memórias de Maio


brrrrrrrrrrrrrrrrrr

Chega o frio e, mesmo tendo vivido alguns quase 10 220 dias inéditos, a sensação ruim se faz mesmice.
Nessa semana, pelo menos, percebi o cheiro bom da temperatura que só essa época tem. E também o pôr-do-sol e as noites estreladas que são mais lindas. Tomei vinho com companhia e sem maldade e dancei sozinha no meu quarto, de pijama, cachecol, touca azul e jocosidade. O que a vida não dá a gente faz, afinal:10 220 dias desiguais!
Coleciono o mal estar dos invernos, mas também algumas pequenas e grandes preciosidades; conhecimento, amores e amizades. Conquistas, conforto e aconchego numa caixinha de música. Um carro azul sem rádio na garagem e no diário às vezes também ansiedade e decepção, por que não? Menina de trança que voa-vai-e-vem na balança. Baila e dança a lembrançaudades.
Mas o que fica, mesmo em dias frios, é o presente e a beleza dos dias-presentes. Onde há procura, há cura em céu, nuvens e pensamento. E atitudes em firmamento, passo- a -passo de pés no chão. E cada vez mais a maturidade grita a descoberta de que só coberta não aquece o coração.

quinta-feira, 1 de maio de 2008

Á PROVA


Chove e me acalma;
Lava a casa
A calça
E a alma.

Eu sou – também-
Uma gota
Louca
Daqui para o além.

Tempo traz
À prova;
Ausência e essência
Em permanência.

Licença;
Sem lenço
Documento
E silêncio

Sim ao pensamento
Sem ti (r)
Par(a) ti(r)

sexta-feira, 25 de abril de 2008

ESTAÇÃO


minha
vida
movida
em
novida
des
encontros

mínima
poesia.

segunda-feira, 21 de abril de 2008

DOIS A ZERO


Os onze jogadores em cada campo estão preparados para iniciar a partida. E de um lado também temos ele- louco por futebol - e ela que nada disso entende. Entra o Juiz e uma relação estável; é o amor! Inicia a partida: Toque de bola para um dos times, ele não perde um jogo e ela decide aprender sobre o esporte. Cruzamento. Ele gosta de cerveja e ela de vinho. Um belo passe e a torcida vibra. Um ponto em comum: é realmente lindo ver a torcida vibrar! Centro-avante à direita, ela cozinha com prazer para ele que trabalhou no fim de semana e não pode ver o jogo ao vivo. Goooooooooooooooool. Mais torcida que vibra. Tiro de meta. A meta agora é um plano a dois. A bola se desloca para linha de fundo e os pensamentos dela são profundos: compreende melhor o universo masculino na tríade futebol- mulher -cerveja. Intervalo e no segundo tempo pensa um momento: a diferença é a tríade salão de beleza- criança- vinho. A certeza. Mais um gol e o time é classificado. Dois a zero e somos dois. Depois. Antes, os comentários sobre o jogo no rádio, tribuna esportiva, mesa redonda, jornal da tv. E no geral foi filme, teatro, colchões e você. Fim de fim de semana e uma felicidade: dois times que ganharam!

(para Bernardo.)

sábado, 12 de abril de 2008

(imagem do mestre Carlos Zéfiro)
Na esquina. Ventre. Liso e sorriso. Sem dente. Um segundo que fere, uma segunda-feira. A eterna sensação de que tudo escorre pela mão. Sim e não, sem lenço e silêncio. Sem paixão. Um pequeno presente e muita doença. A espera de alguém passar sem expectativa nem ansiedade; há penas. Necessidade. Fome, sem versos. Diversos. Chuva e buzina, nunca canção. Frio, casca dura e solidão. Não há saudade, não há vontade, não há tesão. O que há de mais precioso: um pano de chão. Madrugada. Uma puta. Uma pena.

terça-feira, 8 de abril de 2008

Sem palavras

Um pingo cai
Procuro poesia
para me inspirar

Não há.

Hoje cabe
Só um
Haicai

segunda-feira, 31 de março de 2008

BRANCO

(foto de hoje; no auge do caos!)

Eu quero falar sobre o Diário da China de Morin, das Olimpíadas e a censura de Pequim, do absurdo que cometem com os Tibetanos. Eu quero falar dos livros que li, das peças de teatro que vi, das músicas que amo tal qual os polifenóis do vinho, o sabor do chocolate, o prazer no que como e também falar da carne vermelha que não como. Quero falar de como sinto a presença de todas as cores. Quero falar da minha infância, das minhas ânsias e das minhas crianças. Com elas aprendo ensino. Ensino a genialidade de Boal, mestre brasileiro como Niemeyer, Paulo Freire, Chico Buarque, Drumond. Quero falar de todos eles e outros mais. Eu quero falar que tenho desejos de mulher e um rosto angelical, uma alma velha e uma malícia terna. Eu quero falar do caos, do quântico; da partícula e do astronômico. Eu quero falar dos 111 presos assassinados no Carandiru, de Carajás, da Candelária, dos três “Cs” que marcaram minha adolescência e dos Cs do PCC que marcam a vida contemporânea. E que se relaciona com a Colômbia, que quero falar, que me lembra Venezuela, que me lembra a Cuba que morei e quero voltar. As veias abertas da América Latina não me bastam porque também me lembram a Europa que quero visitar, que me lembra o francês que estou sem tempo de estudar, e, quiçá o Doutorado que não paro de planejar. Eu quero todas as letras, todas as palavras, todos os verbos que me completem em minha incompletude que às vezes é tão forte, mas que volta-e-meia se vê tão fraca e perdida. Porque esse mar de quereres me empurra, me afoga, me domina como as tardes caóticas entre meus alunos em processo de criação no barulho da imagem em a ação; a imaginação. Eu quero tudo e tudo não me basta porque também quero profundo. Cinema, faculdade, cachoeira. O oceano é pouco, estrela é pouco, a mitologia, a física e a metafísica, a epistemologia é pouco. Queria a sutileza de um haicai, mas hoje em mim não cabe. Só esse bloco de texto, de quereres, sem mais palavras. Só. Pó. De concreto e concreta poesia em construção.

segunda-feira, 24 de março de 2008

MEDÍOCRE FILOSOFIA CREPUSCULAR


Quando saio do trabalho no fim da tarde tenho fome e pensamentos intensos numa velocidade oposta à da BR que pego para ir para casa. Hoje eles começaram suaves; pensava no ovo de páscoa que durou quatro dias. Amizade com a gordura e açúcar; viva as calorias vazias!
Mas o fluxo mental aumentava conforme a fome de carboidratos, proteínas e vitaminas no caminho da BR até o outro congestionamento na avenida que demarca o encontro entre a rua da PUC-PR e uma favela. Social contradição como o movimento dos carros e o dos meus pensamentos.
Nessa esquina vi um outdoor com a Fernanda Machado. Magra, quase padrão anorexico. A fome e o fluxo de consciência crescente trouxeram uma lembrança: foi a Fernanda quem ficou com o papel do primeiro teste para comercial que eu fiz. De lá para cá diminui consideravelmente essa rotina de atriz de comercial de tv que é tão vazia quanto as calorias do chocolate. Envolvi-me mais com a vida acadêmica e artística; tenho muito mais prazer em poder ter conteúdo para as vitais congestões da mente e o descongestionamento das calorias proibidas pelo ilusório mundo das mídias.
Andei mais alguns metros e as ilações mentais deixaram de lado o outdoor; fui surpreendida pela imagem viva e curiosa de três crianças cor de chocolate, entre 05 e 07 anos. Ali na favela cada qual comia um ovo de páscoa inteiro numa, literalmente, sentada.
Foi indescritível expressão que toda seratonina, endorfina ou sei lá qual outro hormônio do prazer produzido pelo açúcar revelava nas figuras mirins. Naquele momento não vi as cáries ou a falta dos dentes, o desbotado das peles, os pés descalços, a escola que eles não freqüentam, a necessidade de calorias reais e todas as outras carências que chamo de Brasil. Eram só crianças saboreando um ovo. Inteiro.
As bocas, mãos e desejos sublimados em chocolate que ganharam no sinaleiro. Provavelmente de alguém entre tantos que tem a preocupação de vida da ingestão de calorias vazias, o problema do trânsito ou a anorexia da estrela da tv. Como Eu. Como.
Só queria mais pôr-do-sol.

sexta-feira, 21 de março de 2008

Malhação de Gerald Thomas



Que Gerald Thomas é um babaca eu já sabia. Não fazia questão nenhuma de acompanhar sua “estética” teatral, muito menos a sua egóica personalidade. Ele que comentou (referindo- se ao Antunes): “Já houve época em que fomos amigos. Assim como a classe teatral deveria ser. Quer dizer, exagero, claro. A utopia é sempre uma....utopia.Ao invés de estar infestada de vespas, essa classe já tão dividida e tão fodida, ainda consegue se auto-envenenar por causa de....ego mal resolvido” , ao meu ver é o próprio Ego mal resolvido(porque se fosse bem resolvido certamente não seria tão mala).
Mas, enfim, sendo professora de um curso ligado ao Teatro (na Faculdade de Artes do Paraná), mesmo sem gostar ou concordar com determinada referência considero de fundamental importância conhecê-la melhor: ou para mudar a opinião ou para argumentar a crítica com mais embasamento.
Eis que em plena véspera de malhação de Judas resolvi assistir a palestra “Gerald Thomas e seu teatro”. Feriado chuvoso em Curitiba e o evento foi marcado para as 16h num teatro muito, muito, muito, muito, muito, muito e muito longe. E mesmo entre outras ótimas opções de programação, escolhi verificar qual é a desse mala, quer dizer, desse cara.
Enfim, fui lá e agora posso afirmar com todas as letras: não gostei de “Gerald Thomas e seu teatro”. Por quê? Porque simplesmente não vi e não gostei; o Senhor "Ego Bem Resolvido” não veio para a palestra divulgada oficialmente na Programação do Festival de Teatro de Curitiba “porque não conseguiu passagens aéreas a tempo”. E claro, a platéia do evento não foi devidamente informada já que essa decisão do Diretor foi em cima da hora.
Me poupem!! Nesse sábado de aleluia vou malhar o Thomas e o espaço aqui está aberto para quem queira me ajudar. Humpf!

quinta-feira, 20 de março de 2008

Labirinto do Minotauro



A porta estava aberta e ninguém disse a eles que poderiam sair. Por isso mesmo permaneceram ali, calados, agrupados e vendados. Mas depois que o primeiro tomou a iniciativa rapidamente todos o seguiram.
Cada qual para um canto; sem vendas é mais fácil perceber a dimensão da liberdade, ainda mais quando não há verdade. E sempre há alguém que fica para trás.
Eufóricos como quem quer tirar uma blusa sem desfazer as abotoaduras. Às vezes é pertinente. Mas não sempre. Porque a mão que aperta com força deixa a esmaga. E a que não aperta deixa a escapa. Vil metáfora.
Parecia filosofia barata, mas de tanto rever fotos e o passado se conclui que o ciclo é completo: um quadrado exato de quatro vezes sete anos vividos, às vezes questionados. E sempre surpreendidos pelas escolhas do querer – desejos e vaidades. E tudo o que não se sabe: o que sangra, o que adoece, o que faz sentido, o que desconhece, o que se esquece. Uma hora tudo passa.
Mas, inegavelmente, o Minotauro vive no labirinto de corredores feitos com o que surpreende, pensa, faz e é presente. É o que se sente.

sábado, 15 de março de 2008

CANÇÃO PROGRESSIVA

(na foto: linda Ana Clara, set. 2007)

O brilho do olhar
Dia
Amante

A beleza que vem
De tudo
O que não se vê.

A alma
Ligada ao infinito de emoções
E a verdade mais pura.

Todas as cores
Todas as coisas.

Essa breve passagem
O que é impermanente;
Única permanência

Essência.

quinta-feira, 13 de março de 2008

ESSE POST É PARA VOCÊ MESMO!!!


Nossa, estou ficando bloguisticamente mimada pelos leitores! Ganhei mais um presente:
  • blogdosirmaos
  • É uma alegria imensa, principalmente porque o tudoazulzim ainda engatinha nessa mídia que cada dia me encanta mais!
    obrigada,obrigada, obriga, aos visitantes desse espaço!!!

    p.s - a foto é um presente para o visitante Lord que me apelidou de Diaba Ju nessa brincadeira vitual...

    terça-feira, 11 de março de 2008

    CHOVE

    De repente
    Repete
    Uma música

    Da
    Vida
    Momento-poesia.

    Silêncio e sentimento
    Que toca o que é fundo
    Mais profundo
    Que lembranças e sentimentos do mundo.

    Crianças com picolés
    Adolescentes que descobrem o corpo
    Adultos que vivem tudo
    O que parecia sonho pouco.

    Tudo é falar de nada
    Porque vem esse segundo
    Lavada da alma
    E carrega o futuro.

    Respiro

    Uma flor.

    quarta-feira, 5 de março de 2008

    Da razão e da emoção...




    Hoje recebi um e-mail desejando um feliz dia das mulheres de um leitor do Tudoazulzim. Junto com as felicitações ele me informou ter postado meu texto anterior, “Um segundo”, no seu blog (para quem quiser verificar:
  • professorjuacy
  • ). Sem dúvidas, um grande presente para uma mulher!
    E se esse tocou no meu lado emoção, a coincidente citação do Tudoazulzim também no dia de hoje no blog Todoprosa (para mais uma verificação é só ir à listinha dos links aí do lado!) tocou na melhor parte do meu lado razão.
    Na verdade, uma das poucas coisas que realmente aprendi nos meus 27 anos é que a Ju, essa que vos escreve, não sabe muito bem – ainda bem!- separar a razão da emoção. Adoro a palavra “sentipensar” que li no Livro dos Abraços do Galeano uma vez para definir isso.
    Lá no Todo prosa ferve uma discussão sobre o assassinato do comandante Reyes, das FARC. E naquele espaço tenho descoberto a amplitude da comunicação blogueana (ou seria bloguística?) como alternativa contra o domínio dos meios de informação que impõem às massas certas verdades convenientes para o a manutenção do status quo.
    Aqui no tudoazulzim encontrei um espaço para transpor algumas palavras que às vezes sufocam meu peito com emoções que não sei ao certo de onde e porque vem, mas que me dizem: “você vive!”. E tenho a alegria de descobrir em alguns dos comentários aqui deixados que muita gente compartilha disso também.
    Sem mais palavras, só queria dizer que essa “brincadeira” está sendo ótima: conhecer opiniões, informações, sentimentos através do blog. Um rizoma da grande rede que nos conecta em algumas idéias e ideais, razões e emoções. Viva as pessoas dessa rede, viva o Pessoa nessa rede: “Navegar é preciso, viver não é preciso”.

    sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

    UM SEGUNDO



    As lembranças bonitas
    O que toca o coração
    Prosas e rimas;
    Uma canção.

    As palavras que transbordam
    Aos que transformam
    Os sentimentos;
    Momentos.

    O que é mais existência do que a matéria
    O que é sólido e se desmancha no ar;
    Os presentes que o presente dá.

    O que olha
    O passado ou o futuro;
    A janela

    Eu, você;
    Nós
    Ele e ela.

    À vida
    Que tece destinos
    Com os fios do dia-dia...
    Que já foram esquecidos.

    domingo, 24 de fevereiro de 2008

    RETORNO DE SATURNO


    MEU OLHO
    VERDE
    DE VER
    VERDADES
    E TANTA COISA ASSIM
    DESCOBRIU QUE AGORA
    SÃO AS COISAS
    QUE OLHAM PARA MIM.

    foto: Carlos Martins, 2004.

    domingo, 17 de fevereiro de 2008

    DEDINHO DE PROSA

    foto: Rogério Nunes, 2008



    Deixo as janelas abertas
    E sinto o vento;
    Não estou nunca sozinha
    Porque invento.
    (me reinvento)

    Como o gosto
    Doce da infância
    Como salada de frutas
    No desejo e na ânsia

    Uva
    Passa
    Uma
    Mão

    Que acaricia e trabalha
    E pega o que cai no chão.

    sábado, 16 de fevereiro de 2008

    MAIS FILMES...



    Duas histórias baseadas em livros (Oil!, de Upton Sinclair, 1920 e Onde os Velhos Não Têm Vez, de Cormac McCarthy, 2003); dois atores fenomenais (Daniel Day-Lewis, Globo de Ouro de melhor ator, e Javier Bardem, do recém postado Amor em tempos de Cólera); dois filmes ambientados nos desertos norte-americano (Califórnia e Texas); duas histórias sobre dinheiro e violência (decorrentes da explosão petrolífera da virada do século e do tráfico internacional de drogas); 16 indicações para Oscar (oito e oito, respectivamente!) e uma coisa mais do que relevante em comum: o surpreendente final.

    Sangue Negro (There Will Be Blood. EUA, 2007), do escritor e diretor Paul Thomas Anderson e Onde Os Fracos Não Tem Vez (No Country For Old Men. EUA, 2007), dos Irmãos Ethan e Joel Coen, são os nomes dos dramas cinematográficos, excelentes, diga-se de passagem.

    O primeiro é a história de vida do pai solteiro e magnata do petróleo Daniel Plainview. Ele descobre numa pequena cidade, Little Boston, a existência de um mar de petróleo. Segue para lá com o filho, H.W. (Dillon Freasier), mas a adaptação na cidade é difícil, sobretudo em função da igreja do carismático pastor Eli Sunday (Paul Dano, ator maravilhoso, desde Little Miss Sunshine, aliás!). Plainview e H.W, tentam a sorte, mas mesmo quando o poço traz toda fortuna, nada permanece igual; valores humanos - amor, esperança, comunidade, crença e elo entre pai e filho - são colocados de lado em função de mortes acidentais ou não, corrupção e fraude em torno da riqueza petrolífera do protagonista.

    A segunda história se passa na fronteira com o México, onde o descumprimento de leis contextualiza um novo mundo cujas antigas regras não mais se aplicam. Triste com essa realidade, o xerife Bell (Tommy Lee Jones) representa uma inconsolável nostalgia e forma de resolução de crimes ainda do modo ortodoxo. Nesse clima persegue um texano comum, Llewelyn Moss (Josh Brolin) que se apossou de dois milhões de dólares encontrados na caçamba uma picape cercada por homens mortos com uma carga de heroína. Paralelos à precária perseguição do xerife, poderosos do tráfico também buscam o dinheiro, o que dispara uma violenta reação em cadeia.

    Durante a exibição, é de se ficar tensamente grudado na cadeira. Mas é no final que as surpresas se revelam nos filmes: as histórias explicitam como o poder do dinheiro numa sociedade cujo ter sobrepõe-se a qualquer ato de ética ou humanismo é representado por uma violência gritante. Metáforas da vida real.

    quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

    SAUDADE


    Passou, sem saber, a tarde toda esperando a chuva cair. Queria acreditar que a melancolia que a acompanhava eram apenas aquelas nuvens carregadas do céu.
    Espremia em vão as palavras como se com elas saíssem da mente as lembranças de momentos bons, mas que a torturavam pela ausência. Só o gato para ouvi-la. Ela e o relógio que não parava de tictaquear o tempo que não volta mais.
    O vazio dos cheiros que musicam, dos ruídos em sabores e, sobretudo de todas as distâncias que silenciavam e traziam com violência o passado na mente.
    Caminhos e carinhos. E uma vergonhosa sublimação em aliterações como a angústia de quem não quer parar de escrever, mas já não tem palavras.
    Ela é uma velha costureira que sonha fazer uma linda manta de fios de seda dourados, mas só possui alguns retalhos coloridos esgarçados.

    sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

    DOS LIVROS, FILMES E DA VIDA REAL...


    Então ontem assisti “O amor em tempos de Cólera”, filme da obra de Gabriel Garcia Márquez, o autor dos “Cem anos de solidão” que me acompanharam nessas férias. E hoje assisti “Desejo e Reparação”, baseado no livro de Ian McEwan que li nas férias do ano passado. Uma conclusão: amo cinema, literatura e férias, claro!
    Como é bom poder experimentar uma mesma obra ou autor em diferentes linguagens... O legal desses dois filmes é que ambas as histórias envolvem amores que passam por toda sorte (ou azar!) de obstáculos. Tempo, distância, mentiras, ciúmes, poder... Enfim, romances.
    Daí me pergunto se o amor é assim mesmo, ou se é assim também, ou se simplesmente é. Não sei, mas na vida real, na minha vida real pelo menos, parece que há muitas formas de amar, até as de livros e filmes podem ser reais. Sei lá...
    Esse é um assunto que me confunde um pouco ainda e penso que ainda bem! Lá vão 27 e tantos anos e cada vez uma nova história de amor me surpreende de alegrias e também decepções como se fosse sempre a primeira descoberta.
    Deve ser esse o lado bom da vida real. Não é roteiro, nem literatura, só às vezes alguns sentimentos postados no blog como se fossem alguns capítulos do meu romance de viver. E no de hoje, além do desabafo, fica para os que aqui visitam, a dica desses filmes e livros! ;)

    terça-feira, 8 de janeiro de 2008

    FELIZ ANO NOVO!!!

    (para Vinícius, Alexandre, Inês,Gabi e Clara)


    Eu rio, rio, Rio... iupi da vida porque comecei janeiro no meu Rio de Janeiro (com deliciosas paradas literárias em Macondo). E assim me renovo e escrevo com todas as desatualizadas letras nesse blog o quanto estou feliz. Feliz pelas pessoas maravilhosas que cruzam minha vida, pela liberdade de tomar decisões que me permitem ir e fazer o que quero, por ter sonhos e lutar por eles, por ouvir e ser tocada por uma música, pelos momentos, pela poesia, pela libido, pelos lugares, pelas palavras, pelas vivências, por toda sinestesia que habita em mim e pela generosidade de trocá-la com os que iluminam meu caminho. Vezes faltam palavras para tantos sentimentos e mesmo assim, humildemente, peço a vida: que venham muitas e muitas linhas. Retas, curvas, sinuosas, infinitas... no rosto, no corpo, para andar em desequilíbrio, para serem escritas, para serem vividas, para serem lidas e relidas. A-no no-vo.