quarta-feira, 13 de setembro de 2017

lua crescente





O dia se renova nas madrugadas em que envelheço. Adoeço ou enlouqueço; me coço e não adormeço. São os pernilongos que me devoram. Não. É. Só. Isso. Não esqueço da menina que fui outrora. E a ansiedade da mulher que vejo surgindo agora. Nessa hora, dessa caminhada que não sei se demora, se finda, se só começa ou se eternamente retorna. A vida, essa prosa. Me eternizo em palavras que não sei para quem, nem porque. Não sei. Mas resistem e insistem em manchar um papel que nem existe. Desse mundo de tantas coisa, tanta gente, tantos pensamentos, tantas emendas... E para hoje uma só encomenda:  insônia. Dos pernilongos me vingarei amanhã. Esse sono recupero de manhã. Tudo bem, não devo nada a ninguém... Só a essa noite, um única escolha: permanecer acordada.  Fora medos. Tenho orgulho do que sou e não vou me perder por que sei o que conquistei com meus dedos: empregos, amigos, marido, gato, filho... E agora uma grande casa! Sou eu quem atendo, sempre muitos planos chamando logo cedo... É o que move a vida, já foram tantos, mas o tempo é ainda. Alguns segredos no peito, quem não tem? E loucas histórias já concretizadas, isso faz bem. Esses pernilongos devem ter inveja de mim, só pode ser isso que justifica essa noite sem fim... Mas não serei por pouco derrubada. Nem por muito. Pode vir doença, descrença, desafios, presepadas. Junto vem a luta e o que se perde é o que se ganha no caminho: a experiência é o sentido dessa caminhada. Já foram tantas insônias, porque ficar apavorada? Um dia vou ter mesmo que dormir eternizada... não tenho pressa, enquanto a palavra é o que me resta, vou zombando dessa madrugada...

domingo, 30 de julho de 2017

Viajo
Me despeço de meus laços
E parto
Ao encontro do acaso
Meu amigo o solitário
Que me trás novo cenário
Do amanhã que não projetei

Já não sei
Onde me perdi
Ou onde me encontrei.

Já não sou
Quem outrora tanto amou
Não sei o que restou
Mas me reconstrui.

Só ri.

Mais forte
Mesmo com pés feridos
Mas aprendi a procurar abrigo
Quando a vida demandar

Viajo
Deixo minha casa
Abro minhas asas
E volto
Sem soluçar

Soluções estão presentes
Em meu inconsciente
Não sei porque
Insisto em procurar...

Já não sou
O que será...

Confio no que a vida me trará.

domingo, 14 de maio de 2017

Maternidade

A janela aberta da casa
Ou o vento que me abraça
Me lembram a todo momento;
Não há erro,
Sempre recomeço.

A vida é mais profunda
Que uma fase, uma etapa, uma curva.
Vou com calma
Escutando as verdades da alma...

E esse tempo
Em que me reinvento
Me ensina a criar laços
Para costurar meus pedaços.

Porque sou feita de suor, sangue e choro
Mas também de muito sonho...
Que resgato em cada corrida
 (Minha limpeza da mente)
Ou em cada poesia
(que me faz seguir em frente...)
Mais menos um dia.


sexta-feira, 17 de março de 2017

Destino

O que sinto
Levo comigo
Até desaparecer

Carrego na mala
Nessa jornada
Pela estrada
Que procuro correr

Sem caminho,
Só caminho
Vezes só 
Vezes assobio 

E quando menos espero
Uma curva, 
Um esconderijo
Ou um abismo.

Sem atalhos.

Mas as vezes
Um presente;
Uma passagem
Secreta,
Direta,
Ao que se sente.

E encontro  a felicidade.

Por enquanto
E para sempre
Só caminho (s).

terça-feira, 14 de março de 2017

ABISMO


Em que lugar guardei meu coração?
Quando deixei de lado a emoção
E dei soberania à razão
Porque sentir demais me fez sofrer...

Acho que foi
Quando cortei meus cabelos
Arranquei aqueles anseios
De te quero mais...

Porque perdi o bonde do tempo
Vivendo um sentimento
De quem espera no cais.

Os beijos que não te dei
Os momentos que com você não passei
A vida que não existiu jamais.

Quando eu reencontrar meu coração
Roto, rasgado, despedaçado
Prometo colocá-lo no devido lugar

Mas por enquanto sigo só
Com minha razão
Silenciando esse desejo de amar.