quarta-feira, 6 de junho de 2012

TEMPO (para Dora Gitel Tuev)

Ele corre tranquilo, incansável. E eu, como retardatária, sempre gritando atrás: “me espera!” Perco a voz, nunca o alcanço. E ele nem acelera... Afina o calendário com as folhas que caem. Engrossa o livro da vida, as folhas que escreve. E a certeza de que o que sempre foi nunca mais será. Não há onde caiba o amor materno. Nem quem meça o tempo do sono da criança. E às vezes, no turbilhão, esqueço a ânsia e lembro: passa a criança, eterna é a infância. Calmaria. Quase sempre esqueço: Dar um tempo para compreender as coisas que não entendo. Até já aprendi a mais importante parte: saborear a vida com arte. Qualidade é tão melhor que quantidade. O que é bom não se mede, não se pesa. Só preciso praticar... Tempo da mente materializa o que se pensa e o que se sente. Sentipensar, intuição... Por favor, Me dê a mão! Corre comigo! Seja meu amigo! Meu presente: Eterno presente. Não consigo te acompanhar. Meus bolsos estão pesados de passado e o peso invisível de futuras suposições que tiram o prazer da surpresa, do que se ganha sem esperar: por merecimento, porque se pode verdadeiramente carregar. O que é bom não mede, não pesa, não cabe. Nem sempre, nem nunca. Corre de mãos dadas, lado a lado. Com o prazer de simplesmente existir. O imutável é que tudo muda. E ele corre. E incrivelmente continua lá: no mesmo lugar - nem novo, nem velho- Simplesmente sendo: O Tempo.