Dos
últimos três shows do Chico Buarque que assisti: "Carioca" em
2008 (Teatro Guaíra, Curitiba); a turnê do álbum "Chico" em 2012
e agora "Caravanas" (os dois no Vivo Rio), digo enfática e
categoricamente que esse último foi o melhor de todos. E arrisco a dizer
que foi um dos melhores shows de toda minha vida!
Primor
do inicio ao fim em todos os quesitos: a elegância do figurino; a estética
clean do cenário; a sutileza da iluminação - um espetáculo a parte; os músicos
maravilhosos que o acompanham com destaque para Bia Paes Leme em
"Dueto"; a escolha do repertório das composições antigas e claro, a
graça das músicas do novo álbum.
O
músico e sua embaixada abrem o espetáculo mostrando que vieram para arrasar e
resgatar o vigor e musicalidade do velho Chico, o que não se viu no show de
2012. Com muito mais músicas, “Caravanas”
trás na seqüência “Mambembe”, “Partido Alto” e a eternamente “Iolanda”, do
repertório antigo, e “Casualmente” e “A moça do sonho”, ambas do álbum que se
lança.
Em
seguida a homenagem em bom e para o Tom ficou com “Retrato em Branco e Preto” e
já no final do show com a emocionante “Sabiá”. E como não poderia deixar de
ser, o saudoso Wilson das Neves também foi homenageado, com direito a chapéu e
tudo.
Para quem, como eu, ama as composições
dramatúrgicas do Chico, a deliciosa oportunidade de ouvir alguns clássicos de a
“A ópera do Malandro (com bônus de “Geni e o Zepelim”, no bis) e de “A gota
d´água”. Mas o auge, sem dúvida, foi “A história de Liliy Braun” que emendou com
a “Bela e a Fera” num arranjo de jazz tão fantástico que trouxe a tona toda a
mística e emoção do Grande Circo.
Aliás,
um parágrafo de destaque para falar dos arranjos incríveis desse show; mérito
de Luiz Cláudio Ramos, que assina os arranjos dos Shows de Chico há décadas e é
também quem toca violão e guitarra no espetáculo.
As músicas do novo álbum tem a cara do
Chico de outrora. Só ele para tratar com tanta poesia de questões sociais. "Blues para Bia" é jocosa ao falar de uma garota homossexual. Atualíssima em
época de empoderamento feminino e defesa de direitos às diversidades. A música
que nomeia a turnê é uma luvada de pelica na elite branca carioca. Versos
ousados como “E essa zoeira dentro da prisão/Crioulos empilhados no porão”
apontam uma realidade que não mudou muito nessa caravana que segue desde o Brasil
escravocrata.
Aliás, para mim, que ha quase 8 anos
resido no Rio, o show teve um toque muito, muito especial, pois só agora entendo
na pele, na alma, na minha história o significado de Real grandeza, Simpatia é
quase amor, Mangueira, São Sebastião e de tantas outras faces desse Rio de
beleza e caos que abriga na sua poética um dos maiores artistas do país. Ode ao
Chico! Minha humilde homenagem a volta do malandro.
Um comentário:
Como quem pisa nos corações...
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