quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

PLAY WITH ME, OU, TEM ALGUÉM AÍ?

Momentos e momentos de vida... fico querendo entender todas as diferenças passado/presente e tentando sonhar com o futuro, sempre em gerúndio, porque do nada se fez o verbo.
Esse futuro de outrora e que agora é passado, de sonhos realizados; de comerciais de tv que gravei, mestrado que conclui, aulas na faculdade que ensinei, espetáculos quem montei, amores que vivi...
Isso e outras coisas talvez tão menores e tão mais simbólicas como a Juliana de uns três ou quatro anos atrás que vi hoje caminhando por uma rua escura e tomando banho de chuva.
Sim, hoje passei pela mesma rua, com a sensação da mesma chuva, e vi a Ju lá: com seus sonhos, suas angústias e sua poesia dos 23 anos. Tomava banho de chuva no escuro, sem medo. Ela só queria caminhar e se estava à noite e chovia não importava, porque ela podia pegar um táxi e voltar a qualquer momento.
Ela fez isso só para me mostrar, hoje para a Ju dos 27 anos, que nada é um caminho sem volta. Mas as experiências de vida é que vão lapidando a alma e nos fazendo adultas, velhas e vida. Lembro de Miguel Sanches Neto que li ontem: só quero envelhecer em paz!
Acho que no fundo eu também só queria isso, mas os sonhos de juventude, a ingenuidade de criança, os medos de adolescente ainda se fazem tão presentes. Coisas que outrora eram uma dificuldade e hoje se revelam tão simples e outras que são tão simples que ainda tenho tanta dificuldade de entendê-las... mesmo assim mantenho a fé na vida que me presenteia com pessoas que aparecem para iluminar meus caminhos, outras para confundir, mas, indiscutivelmente, todas para dizer: isso é viver.
E qual a segurança que espero como colo de mãe que afaga seu bebê? Nenhuma, a não ser pensar que amor de mãe é o maior que há, mas que toda a procriação vem da insegurança de pensarmos que não somos eternos.
E eu ainda tento me eternizar em textos e palcos... e me pergunto se foi o que escolhi! Mas, é o que sei fazer, o que pulsa em mim e não posso fugir. Tenho muita sede e muita fome e penso que com meus quarenta ou meus sessenta anos não vou ter aprendido, ainda, a viver.
Vou tentando enquanto isso, entre letras, pedaladas, tragos, caminhadas e saudades de um banho de chuva noturno sem medo e sem apegos...

2 comentários:

Maquinaria de Linguagem disse...

Ju, viver é isso e você sabe fazer da vida não apenas um registro da memória. Vive intensamente e escreve com paixão. Beijo

E.R.L. disse...

nó! falou e disse!