quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

SAUDADE


Passou, sem saber, a tarde toda esperando a chuva cair. Queria acreditar que a melancolia que a acompanhava eram apenas aquelas nuvens carregadas do céu.
Espremia em vão as palavras como se com elas saíssem da mente as lembranças de momentos bons, mas que a torturavam pela ausência. Só o gato para ouvi-la. Ela e o relógio que não parava de tictaquear o tempo que não volta mais.
O vazio dos cheiros que musicam, dos ruídos em sabores e, sobretudo de todas as distâncias que silenciavam e traziam com violência o passado na mente.
Caminhos e carinhos. E uma vergonhosa sublimação em aliterações como a angústia de quem não quer parar de escrever, mas já não tem palavras.
Ela é uma velha costureira que sonha fazer uma linda manta de fios de seda dourados, mas só possui alguns retalhos coloridos esgarçados.

16 comentários:

Fernando Niero disse...

:)

CABRA CEGA: disse...

que bonito, moça!
preciso vir mais aqui!
beijos

Anônimo disse...

guimarães rosa iria gostar do seu neologismo "tictaquear".

Klatuu o embuçado disse...

Talvez a inteligência envelheça, se não soubesse diria que este texto seria de uma mulher no meio dos 30.

Dark kiss.
P. S. Este é meu blog político... Vá no canto inferior direito, por baixo do contador, e clica em «Need a Coffee?» - entrará no meu blog principal; coisa mais íntima, para fugido do caixão.
Lá eu sou Lord... :)=

Você me parece pessoa interessada na cultura, quiçá nas relações Portugal/Brasil, por isso te deixo um convite à leitura - participar também pode.

cheguevara disse...

non capisco+
pero estoy con vos.*
baci
CHE

FERNANDINHA & POEMAS disse...

Olá Ju, lindo texto...Gostei muito!!!
Grata pelas tuas visitas, aos meus cantinhos.
Já passei pelo teu mais de uma vez, mas só agora parei.
Bom fim de semana.
Fernandinha

Fernando Santos (Chana) disse...

Olá amiga, tido bem com você?
Dei com seu blog ao ocaso.
Tem aqui uma bela fotografia e um bom texto.
Me visite, tá ?
Beijos

efvilha disse...

Juliana, querida.
Quando a Ju deixa seu "ramalhete" de palavras no meu blog, derreto-me em contentamento. Guloso, lambo cada palavra.

Este teu texto tem densidade que te contraria. As palavras já não falam somente por ti. Elas tornam-se redundâncias de todas as almas mergulhadas na nostalgia, cujo dizer não são mais que fiapos de palavras. Belo e inspirador, como é bela e inspiradora a imagem da moça mergulhada no universo da contemplação interior.

Beijo de Paz, em ti.

Ricardo Soares disse...

ainda bem que as velhas costureiras ainda tecem fios nesse mundo...adorei vossa visita...bj
ricaro

Anonimo disse...

Belo texto, terno e melancólico, lindas costuras. Gostei muito do blog, parabéns pela escrita.

Klatuu o embuçado disse...

Se quiser saber como foi o assassinato do último Rei de Portugal, juntei post em que explico os acontecimentos desse dia.

Fabrolino disse...

ju... preciso do teu email. achei numa paerola para te enviar em anexo... fabro

ps: a esperanca esta antes do medianeira (frase do dia)

Anônimo disse...

Olha, ela apareceu! Hehe.
Fiquei bem feliz com tuas palavrinhas nomeu canto, moça. Mesmo que tenha dito "parece q tu tá falando de mim!". É que eu não ficaria tão feliz sabendo que aquela tristeza que eu senti quando escrevi também estava em alguém. :/

Mas me peguei pensando em uma frase daqui: "mas só possui alguns retalhos coloridos esgarçados". Será? Será que é só isso mesmo que a costureira tem nas mãos? Acho que não, parece ter toda uma vida pra remexer com fios lindos e dourados, cheios de esperança, carinho, amor e vida a arder. :)

Um abraço apertado, bem apertado.

. fina flor . disse...

simplesmente costure! trance os fios, sejam eles dourados ou não.

gosto de você, moça!

beijos saudosos,

MM

O Profeta disse...

A melodia do teu canto reverbera no tempo
A lonjura é o momento do abraço
O teu sorriso chegou ao meu silêncio
Solta palavra doce no espaço

Uma torrente de emoções para ti


Um mágico fim de semana


Doce beijo

Fernando Santos (Chana) disse...

Olá Juliana, bela fotografia...Que saudade !
Beijos