sábado, 22 de setembro de 2007

Algo em comum!


Tinha uma linda escultura de bexigas nas mãos. A criança ganhou o dia; na sua dimensão de tempo ganhou a vida. Era feliz com sua borboleta feita de balões rosa e colorido. Aquelas bolas que na verdade revelavam a beleza do que não se vê, do essencial invisível aos olhos: o ar, onipotente e onipresente. Onisciente só nós, que escrevemos, lemos e sentimos. Nós os/nos nós adultos que pensam já saber do destino da feliz criança com sua escultura inflável e infalível de cores. Muito mais além do ar é o que não se vê. Sutil pretensão que só vale pelo deleite da idade, da sapiência, do sonho de liberdade e saudade da infância já que é a eterna contradição: criança passa e infância fica. E uma coisa é certa: em breve serão balões murchos, senão estourados. Aí é melhor esquecer que um dia existiram e motivo para tanta felicidade? Esquecer... Rituais se repetem no ingênuo rosa de hoje que pode virar a frescura e a falsidade de amanhã. Mas todos humanos, por que julgar? Queria ser leve como o ar. Como o balão. Voar. Silêncio, pausa e o prazer inesgotável quase esquizofrênico da palavra e das lembranças. E, é claro, um pouco mais do que o sobre. Viver.

4 comentários:

Maquinaria de Linguagem disse...

Ju, às vezes escrevemos coisas que não estão naquilo que costumamos chamar, de inspiração. Coisas epidérmicas, aquilo que Nietzsche via como mais profundo porque está na superfície já é sinal de abrangente, latente aos olhos. Paradoxal, mas os sentimentos na linguagem se tornam mais claros nessa fusão. O que está próximo de ti em na linguagem que vem dos sentimentos manifestados a partir do teu cotidiano. Gostei disto. Beijo

. fina flor . disse...

que foooooofo, amei essa foto, nossa, casou bem demais com o texto.

beijos, querida

MM.

ps: siiiiiiiiim, o ar é um presente que esquecemos num balão qualquer da infância.....

O Profeta disse...

Saberás que um bando de gaivotas
Fugidas à fúria de alteroso mar
São pássaros perdidos do ninho
Que a bruma não deixa encontrar

Saberás também que o mar
Cavalga nas asas do vento
Em dias de forte tempestade
Aos olhos de um Neptuno atento

Bom fim de semana

Doce beijo

Anônimo disse...

Certa vez te disse que tenho ganas pelas tuas perguntas, não resisto!

Julgamos porque temos que preencher o ar.
O que seria do ar sem... seus sentidos, suas acepções? Seria espaço vazio, não é?! Inócuo demais...

Beijos! =)