segunda-feira, 31 de março de 2008

BRANCO

(foto de hoje; no auge do caos!)

Eu quero falar sobre o Diário da China de Morin, das Olimpíadas e a censura de Pequim, do absurdo que cometem com os Tibetanos. Eu quero falar dos livros que li, das peças de teatro que vi, das músicas que amo tal qual os polifenóis do vinho, o sabor do chocolate, o prazer no que como e também falar da carne vermelha que não como. Quero falar de como sinto a presença de todas as cores. Quero falar da minha infância, das minhas ânsias e das minhas crianças. Com elas aprendo ensino. Ensino a genialidade de Boal, mestre brasileiro como Niemeyer, Paulo Freire, Chico Buarque, Drumond. Quero falar de todos eles e outros mais. Eu quero falar que tenho desejos de mulher e um rosto angelical, uma alma velha e uma malícia terna. Eu quero falar do caos, do quântico; da partícula e do astronômico. Eu quero falar dos 111 presos assassinados no Carandiru, de Carajás, da Candelária, dos três “Cs” que marcaram minha adolescência e dos Cs do PCC que marcam a vida contemporânea. E que se relaciona com a Colômbia, que quero falar, que me lembra Venezuela, que me lembra a Cuba que morei e quero voltar. As veias abertas da América Latina não me bastam porque também me lembram a Europa que quero visitar, que me lembra o francês que estou sem tempo de estudar, e, quiçá o Doutorado que não paro de planejar. Eu quero todas as letras, todas as palavras, todos os verbos que me completem em minha incompletude que às vezes é tão forte, mas que volta-e-meia se vê tão fraca e perdida. Porque esse mar de quereres me empurra, me afoga, me domina como as tardes caóticas entre meus alunos em processo de criação no barulho da imagem em a ação; a imaginação. Eu quero tudo e tudo não me basta porque também quero profundo. Cinema, faculdade, cachoeira. O oceano é pouco, estrela é pouco, a mitologia, a física e a metafísica, a epistemologia é pouco. Queria a sutileza de um haicai, mas hoje em mim não cabe. Só esse bloco de texto, de quereres, sem mais palavras. Só. Pó. De concreto e concreta poesia em construção.

23 comentários:

Anônimo disse...
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Fernando Santos (Chana) disse...

Olá Juliana, gostei do seu texto a ambição faz parte da vida!
A coragem de começar e a vontade de continuar são os requesitos para o êxito.
Gostei de sua foto

Anônimo disse...

o texto do quereres é o muito que também queremos e tua escrita atinge com muita sensibilidade. antes de ser pó, ou estar só, a palavra é concreta. belo post. abraços.

Anônimo disse...

Caoticamente lindos: o texto e a moça.

E o Tempo, velho sacana, fará o resto. Tenho certeza de que será cortês com a moça.

Anônimo disse...

Poxa, quanta vontade de falar pro mundo tudo o que está engasgado!

Oliver Pickwick disse...

Como diz o nosso amigo comum, Lord Erewhon, aka Klatuu: "sê proficiente ou serás pó".
Está na fase do turbilhão, como no início de tudo, uma concentração de energia prestes a originar o Big Bang. Depois, a própria Física, seja mecânica ou seja quântica, se encarregará de deixar tudo em equilíbrio. Pois há ordem até na incerteza do caos. Demonstra-se com uma equação físico-matemática.
Beijos!

Maquinaria de Linguagem disse...

Do fragmento você vem com toda essa profusão de quereres, de textos, que busca intensamente como busca a vida. Beijos

FERNANDINHA & POEMAS disse...

Olá querida Ju, adorei o teu texto... Parabéns!
Beijinhos de carinho,
Fernandinha

Novia de América disse...

Então fale, pequenha. QUe nos óuvimos.

Anonimo disse...

Putz! Muito lindo isso, gostei muito, que torrente de vida!

São tantos quereres e o tempo e o espaço parece serem poucos, os anteparos... mas acima de tudo o querer ainda nos move a buscar uma vida menos ácida e mais tranquila para nós mesmos e para os outros.

Parabéns pelo escrito.

Beijos.

Nil Borba disse...

Essa fome, essa sede valem a pena vc não acha?

Gostei

beijos

Anônimo disse...

oi ju, sabe que dia desses tava aqui conversando com um professor muito amigo meu, e ele me mostrou uma música do arnaldo que o fazia lembrar de mim... e agora lendo o seu texto, o arnaldo citado por esse grande amigo me fez lembrar você:

Cabimento
Arnaldo Antunes

Composição: Arnaldo Antunes / Paulo Tatit

como uma agulha cabe numa caixa de fósforos
ou num caixão
num palheiro num jardim no bolso de uma pessoa
na multidão
caminhão montanha tudo cabe em seu tamanho
tudo no chão
hoje eu caibo nesse mesmo corpo que já coube
na minha mãe

minha mãe
minha avó
e antes delas minha tataravó
e antes delas um milhão de gerações distantes
dentro de mim

um lugar
num porão
uma cama num colchão
como um átomo num grão
uma estrela na galáxia

como a bala de revólver cabe no revólver
cabe também
numa caixa num buraco bem no centro do alvo
ou em alguém
onde cabem coração cabeça tronco e membros
soltos no ar
como cada gesto cabe no seu movimento
muscular

só nós dois
meu amor
não cabemos em mim ou em você
como toda gente tem que não ter cabimento
para crescer

Anônimo disse...
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Chellot disse...

Vim desejar-lhe um ótimo fim-de-semana e informar-lhe que já está postado no Caminho dos Contos o último capítulo do conto que vem acompanhando.

Beijos de Sol.

Léo Rehem disse...

fala amigA,

estou indo tambem pra semana.. sou de salvador e estou indo cobrir o evento . todas as novidades da semana estao no meu blog.. criado pra isso...me ajude a divulgar e de sua opiniao, será muito útil..

Leandro Rehem

http://semanadecriacao.blogspot.com/

Anônimo disse...

Ainda tem espaço nessa rede???? Não esquece das "gostosuras"!!! :)

A foto está linda!

beijo grande!

Walmor Godoi disse...

huumm... Carla Bruni ...
Gostava dela antes do Sarcozi....
bjos

efvilha disse...

Juliana, querida.

São tantos os nossos quereres, que não bastaria o eterno para realizá-los, pois, além das Cubas e de todas as Europas, há tantas galáxias, e seus mundos, para visitar.

Beijo de também muitos quereres, e Paz.

. fina flor . disse...

sei como é!

as vezes também me afogo nessa querencia toda. não se esqueça: respire!

beijos, linda

MM.

Anne Petit disse...

oi!! Querer.... profundo querer. Tantas coisas despertando dentro de ti.
Vale lembrar que o poder é aliado quando o querer é forte.
Beijos e boa semana!
Anne Petit

O Profeta disse...

falas deste mundo perdido em contradições, algumas lamentáveis...


Doce beijo

Jordan Duailibe disse...

o melhor momento é o momento de desabafos...Explanando,gritando... Aquilo que se pressente ou consome loucamente,teoria de vida que amplia virtudes...Belo texto Ju,adorei

Anônimo disse...

Ola ilustrissima desconhecida! Aqui mais um viajante da net aparecendo em seu telhado e cruzando de leve pelo seu caminho...

Belo texto, fez movimentar muitas coisas dentro do meu eu...

Sinto quase o mesmo o que voce conseguiu por em palavras, mas como ,em meu caso, eu nao quero falar; apenas quero sentir, muito obrigado pela imensa sensacao de grandeza que o mundo proporciona...

Sinto em mim que a vida eh para ser sentida e nao falada, mas gosto dos que falam seja por palavras ao vento ou escritas. Se expressar abre a porta do sentir e eh muito dificil sentir sem se expressar...

Beijo e Vida Longa!
Gato de Sapato

ps.:desculpe a falta de acento, teclado sem configuracao...